29 milhões de luvas, para Sócrates lesar o país e favorecer Ricardo Salgado?

Henrique Granadeiro e Zeinal Bava foram ontem constituídos arguidos na Operação Marquês, na qual José Sócrates é a figura central.
No período de 2006 a 2011, o total das ‘luvas’ entregues pelo BES a várias personalidades ascendeu a 96 milhões de euros. Segundo o MP, Sócrates terá recebido 29 milhões – que, somados às ‘luvas’ de Vale do Lobo e Grupo Lena, perfazem 32,8 milhões.
Armando Vara, que já era arguido neste processo por causa de Vale do Lobo, também é suspeito de intervenção neste processo, como representante da CGD.  

Adiante-se que, em julho do ano passado, numa das buscas realizadas aos gestores da PT, foi
apreendida documentação que mostra as ordens dadas por Ricardo Salgado para distribuição das ‘luvas’, quer no que toca aos nomes, quer aos valores. Mas a confirmação ainda está dependente de uma carta rogatória que o MP enviou para a Suíça e cuja chegada se prevê para depois de março.

Entretanto, como adiantou ao SOL uma fonte do Ministério Público, o aparecimento de novos arguidos poderá dificultar a elaboração da acusação até 17 de março, data imposta pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.
96 milhões de ‘luvas’ por 4 negócios
O pagamento de ‘luvas’ teve em vista a obtenção de decisões favoráveis ao Grupo Espírito Santo no âmbito da participação no capital da Portugal Telecom.
Em causa estão quatro negócios que só puderam ser concretizados em resultado de decisões políticas e empresariais polémicas: a OPA da Sonae à PT, que implicava a desblindagem dos estatutos da empresa (2006), a autonomização (spin off) da PT Multimédia (2007), a venda da Vivo à Telefónica (2010) e a compra da Oi. No conjunto destas operações o GES obteve enormes dividendos, beneficiando de opções controversas e questionáveis, que acabaram por ditar o colapso da operadora nacional.
Os investigadores da Operação Marquês calculam que Salgado distribuiu, através da sociedade offshore Espírito Santo Enterprises (o conhecido saco azul do BES), 30 milhões de euros em ‘luvas’ no falhanço da OPA da Sonae sobre a PT, e cerca de 66 milhões pelos restantes negócios. sol

Ricardo Salgado terá pago 40 milhões a Sócrates e Zeinal Bava
Ex-presidente do BES foi constituído arguido na Operação Marquês. Em causa estão ‘luvas’ por quatro negócios que implicaram decisões polémicas de José Sócrates.
O conjunto de provas reunido pelo Ministério Público contra Ricardo Salgado na Operação Marquês indicia que este pagou várias dezenas de milhões de euros em ‘luvas’, no período que vai de 2006 a 2011, para obter decisões favoráveis ao Grupo Espírito Santo no âmbito da participação na Portugal Telecom. Os beneficiários terão sido José Sócrates (21 milhões), Zeinal Bava (18,5 milhões) e outros administradores da PT.
Em causa estão quatro negócios que implicaram decisões políticas e empresariais polémicas: o chumbo da OPA da Sonae à PT (2006), a autonomização da PT Multimédia (2007), a venda da Vivo à Telefónica (2010) e a compra da Oi.
Neste processo, Sócrates ordenou a utilização pela primeira vez da golden share (ação qualificada) do Estado. Em todos os casos o GES obteve dividendos milionários, mas a PT foi levada ao colapso.

O GES foi ‘propositadamente’ beneficiado

Lista dos 9 maiores devedores que afundam a Caixa Geral de Depósitos e o BES. Corrupção sem justiça em Portugal

Caixa tem 2,3 mil milhões de euros em dividas de risco. Quem deve mais? Amigos dos corruptos com direito a créditos sem deixarem garantias? Veja a lista dos que andam a viver com o dinheiro dos teus impostos e não pagam o que devem.
A maioria destas operações foi autorizada na década passada e o jornal destaca o peso das transações com perdas decididas durante a gestão de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara que esteve no banco público entre 2005 e o final de 2007. Haverá, no entanto, operações novas realizadas depois dessa data e ainda a renovação ou mesmo ampliação de empréstimos já concedidos.
Os créditos e os investimentos mais problemáticos da CGD em Portugal e Espanha remontam ao período entre 2005 e 2010 e resultaram em perdas de €6 mil milhões. 
O pior período de erros de gestão na Caixa Geral de Depósitos (CGD) concentrou-se entre 2005 e 2010. Empréstimos de dezenas de milhões de euros, ou por vezes mesmo de centenas de milhões de euros, concedidos com garantias frágeis, investimentos em aquisições de participações sociais e uma elevada exposição, através de crédito, a empresas espanholas que se relevou ruinosa, foram algumas das decisões que estão ainda hoje a pesar nas contas da Caixa.
Foram anos de euforia. José Sócrates era primeiro-ministro. Carlos Santos Ferreira e Armando Vara lideravam a Caixa, como presidente e administrador, respetivamente, onde estiveram entre 2005 e 2008. Saltaram depois para a administração do BCP. Foi um período de boom de crédito para investimentos mais arriscados e especulativos — houve vários empréstimos para compra de ações e foi nesta altura que a CGD emprestou quase €300 milhões para o empreendimento turístico de Vale de Lobo (um projeto liderado por Hélder Bataglia), tornando-se acionista. Um negócio que remonta a 2006 e que está a ser investigado. fonte